domingo, 18 de agosto de 2013

Racional X Emocional

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Depois de uma madrugada de propostas pra me tirar do eixo encontro um texto de Marla de Queiroz maravilhoso. Gosto de “cruzar” com pessoas que verbalizam meus sentimentos de uma maneira que eu ainda não consigo. Com um texto, uma frase, uma música, uma fala, enfim, é bom encontrar alguém que parece ter vivido uma história parecida com a sua. Sim, porque penso que pra se escrever, tem que se viver. Pra se compor, tem que presenciar. Ou não. Não sei. Só sei que hoje o dia foi estranho, dolorido e confuso. Encerrar uma relação nunca vai ser fácil. Com o tempo, o máximo que você adquire é maturidade pra encarar aquela situação de uma maneira que você vá sofrendo menos, mas sair da situação toda de cara limpa, isso, baby, impossible. E é preciso entender: quando duas pessoas se separam, não quer dizer que elas se odeiam, que um traiu o outro, que um bateu no outro ou que qualquer um tenha feito alguma coisa muito louca contra a outra pessoa. É fato: dentro de um relacionamento, tem muita história que quem está de fora nem imagina. Basta pensar que pessoas diferentes, pensam diferente e isso não é nenhum bicho de 7 cabeças. Esfriei, congelei, não sei. Tenho agora meus dois pés bem fincados no chão, odeio quando não consigo segurar o choro e não faço mais nada que eu não saiba muito bem onde vai dar. O coração tá cansado, é tempo de se auto-avaliar e eu adoro isso. Ainda não entendi qual é a proposta mas sei que preciso achar o meu ponto de equilíbrio antes de qualquer coisa.  

O carinho é o mesmo, o zelo é o mesmo. Tentamos... 
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Quem sabe isso é amor

Acho que posso dizer que é amor, sim . Mesmo que a gente tenha se perdido para que eu pudesse encontrar a mim mesma . Mesmo que a gente tenha se perdido para que você pudesse buscar a si mesmo .
É amor porque eu te guardo na lembrança bonita do meu crescimento, da descoberta do que era a co-dependência ou da fusão que subtrai . É amor, porque cantamos juntos, dançamos juntos, choramos juntos, fizemos amor intensamente, trocamos profundamente as angústias da alma, torcemos um pelo outro, nos ajudamos, viajamos juntos, gargalhamos desarvoradamente, dormimos juntos no melhor abraço um do outro, descobrimos novas músicas, sinônimos, livros, enlouquecemos lindamente, brigamos muito, fizemos as pazes várias vezes e fomos embora um do outro quando nada mais era poesia .
Não foi triste, mas doeu profundamente . Uma dor resignada porque eu podia ver com clareza que já não nos acrescentávamos nada . E aprendi a trabalhar o desapego e o perdão . E hoje, quando vejo você sorrir, eu sinto que estamos bem e que fizemos a coisa certa . E o amor só pode ser isto : Querer que o Outro encontre a felicidade a qualquer custo, mesmo que isso exclua você da plenitude dele . Mesmo que isto exclua o Outro da sua plenitude .
P.S : Sinto um amor incondicional por ele . Vai ser sempre amor, mesmo que as flores murchem e o tempo fique garoando . Vai ser sempre amor, mesmo que os ponteiros corram depressa . Será sempre amor mesmo que nossos corações comecem a dançar valsa por não conseguir mais dançar samba ou frevo . Será sempre amor mesmo que exista alguns impasses, mesmo que nossos sonhos sejam loucos e alguns planos não se concretizem . Será sempre amor, não importa quanto tempo passe . Amor de querer ver a pessoa bem e feliz, amor de querer proteger, amor de se preocupar . Evoluímos para esse amor que nem sei explicar . Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase 7 anos . Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre . Era tanto amor que não deixou de ser . Certas coisas são incondicionais .
Marla de Queiroz

































terça-feira, 23 de julho de 2013

Ele se chama Antônio.

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Há alguns meses eu estava fuçando nas redes sociais e vi um desenho num guardanapo que me chamou muito a atenção. Era o Antônio, na real o "Eu me chamo Antônio". Pesquisei mais um pouco e, meu Deus, o cara é maravilhoso. Desenha muito bem, joga com as palavras, escreve textos belíssimos e hoje eu li um que tocou no fundo da minha alma, sendo bem piegas mesmo. Eu espero que ele não se incomode de eu compartilhar suas coisas, o website dele é http://eumechamoantonio.com/ e ele tranquilamente, beira a perfeição enquanto artista.
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[O amor é bem mais do que isso]

O amor parece ter nascido aqui nesse leito sereno para depois morrer confuso, ali, no seu peito ausente. Talvez nada lhe falte e até sobre verdade sobre a mesa do jantar que não jantamos ontem. Talvez até sobre um recado no bolso do paletó, que diz que a paixão é um pequeno pecado doido para ser perdoado. Eu perdoei loucamente todos os seus pecados: um por um, dores por dores, sentimentos por sentimentos. Talvez ainda reste um resto de eu te amo enrolado neste guardanapo que roubei do balcão do meu bar predileto… Na gaiola invisível ainda ouço a liberdade se prender ao canto do curió – meu pássaro favorito! Curiosos são aqueles que querem a verdade, o que eu quero é ver, rever, berrar: reverberar!

Ainda me lembro do dia em que dissemos: seremos felizes até que a poesia nos repare. Primeiro, você riu, eu gargalhei e nós casamos. Depois, eu li, você ouviu e, nus, transamos. Por fim, eu lembrei, você se esqueceu e nós cansamos. Hoje, ainda que me falte você, nunca me faltará poesia.
Um poema é o próprio abandono descrito em versos, diversas vezes. É o poeta em estado onírico implorando em rimas, alexandrinos, decassílabos decadentes: “Volta para mim, palavra bonita. Volta!”

Seu mundo sempre foi confuso, uma mistura moderna de Garcia Márquez com qualquer pintura de Velásquez. Você só parece amar quem pisoteia nos seus sonhos, quem tapa os seus sorrisos com lágrimas, quem lhe abandona sem roupa, sem mundo, sem beijo. Veja só: As Meninas na corte do rei parecem cortejar o seu coração. Corta a cena: seu azar foi ter vivido Cem anos de Solidão em uma única relação.

Talvez por isso nada lhe emocione mais: nem o piano que toca algumas notas de jazz, nem o coração em guerra que, no peito, hasteia uma bandeira de paz. Talvez por isso nada lhe interesse mais: nem as cartas nem as caras de amor. Todas elas são ridículas, já dizia o poeta, todas elas são partículas de sentimento que não insiste mais… Contudo ainda me pego algumas vezes tateando uma sombra incompreensível que fala e que fuma e que finge estar viva. Só finge! Uma sombra precisa de luz para ser viva. Um amor precisa de vida para reluzir. Eu preciso de ambos para existir.

Agora podemos ir, dobrar uma esquina qualquer, reconhecer que a vida tem seus tropeços, seus problemas e seus soluços.
E soluços nada mais são do que palavras que morreram engasgadas na vontade de dizer. O tempo dirá, o remorso roerá, o cigarro apagará e eu tenho a mais absoluta certeza que outra beleza menos confusa e mais Clara amanhecerá no meu mundo para me amar como eu não te amei.

E se você foi covarde, tudo bem… Todo mundo tem suas fraquezas. Nem todo mundo aguenta ser feliz. Eu também preciso de uma Trégua…

Fique com seus romances latinos;
Eu versifico com os meus poemas batidos:
O amor é bem mais do que isso… O amor é bem mais do que isso.



Antônio

quarta-feira, 17 de julho de 2013

MARLAvilha de texto.

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SUBMISSÃO



Ilustro mistérios enquanto me desnudo pra você
tirando cada peça que cobre o meu corpo.
Você nem imagina quanta sinceridade foi adulterada
no exato momento em que eu desviei o meu olhar do teu:
escondi em um segundo, uma vida de intenções.
Fui reeducada para farsas desde que me abandonaram
no meio de um amor tão espontâneo.
Agora não tenho dedos famintos de reações nem lábios lascivos.
Agora tudo é toque leve e avisado, histórias bem-datadas e beijo breve.
E no rosto eu cultivo com afinco essa expressão fria e o olhar vazio.
Tudo é disfarce e nenhuma verdade.
Eu aprendi a cultivar distâncias.
Finalmente eu troquei a minha real intensidade
pela postura calculadamente adequada de moça frágil.
Finalmente eu construí um personagem sem nenhuma poesia.
Agora, todo o meu afeto é discreto e as minhas taquicardias
semi-ausentes
(para que me ame e nada doa em você.)



E o que era blue(s), agora jaz(z).



Marla de Queiroz

terça-feira, 16 de julho de 2013

Dia 4.

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"Meu Deus, não sou muito forte, não tenho muito além de uma certa fé. Preciso agora da tua mão sobre a minha cabeça. Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir. Que eu continue alerta. Que, se necessário, eu possa ter novamente o impulso do voo no momento exato. Que eu não me perca, que eu não me fira, que não me firam, que eu não fira ninguém. Livra-me dos poços e dos becos de mim, Senhor. Que minha visão continue se alargando sempre."


Caio Fernando Abreu

terça-feira, 16 de abril de 2013

Inquietações






Eu sei exatamente o que eu preciso fazer. Eu sei exatamente o que eu preciso fazer.

A porta da minha casa tem um formato diferente. O latido do meu cachorro tem um som diferente. Eu mesma tenho um cheiro diferente, uma forma diferente, outra cor.

Você sabe que tem alguma coisa errada quando começa a ouvir tambores vindos sei lá, do além. Tambores. Tambores dentro de você. Você já ouviu tambores dentro de você? Eles fazem um barulho danado. De repente, falta a respiração, falta o chão, falta falta falta tanta coisa...

Mas será que eu tô ficando louca? Louca.

“adj. Diz-se daquele que perdeu a razão; alienado, doido, maluco.
Insensato, temerário, estróina.
Furioso, alucinado.
Fig. Perturbado, dominado por violenta emoção: ficou louco de alegria.
Intenso, vivo, violento: amor louco.
Absurdo, contrário à razão: projeto louco”.

Não. Eu não tô louca. E isso é tão clichê, não é mesmo? Enlouquecer. Ai, eu surteeeeii. Porra nenhuma. Não existe esse papo de enlouquecer. Existe que de alguma maneira, em algum determinado tempo da sua vida, você passa a ver, perceber e sentir coisas que talvez as outras pessoas não compreendam.

Tipo eu. Eu entendo perfeitamente os suicidas. Ai, suicidas, meu Deus! Cal-ma. Os suicidas são tão humanos quanto eu ou você. Na verdade, acho que até mais humanos que eu ou você. Porque eles ousaram. Ousaram sentir mais do que eu ou você. Sentiram tão fundo e tão profundo que não aguentaram. E não estou dizendo que devemos ser suicidas para nos afirmarmos dentro de algum “movimento”. As pessoas tem essa mania besta de tentar analisar as entrelinhas do que nós dizemos. Esquece esse papo de entrelinhas, cara. Pra que entrelinhas? Falo o que tenho que falar sem dó e nem piedade. Nunca tiveram isso comigo. Dó e piedade. Ridículo isso.

Você sabe o que tem que fazer. Eu sei o que eu tenho que fazer. Mas cadê a coragem? Covarde. Covarde.

Teve um tempo em que eu sabia exatamente aonde eu queria estar. Eu sabia exatamente quem eu queria que estivesse do meu lado em determinados momentos da minha vida, sabia como eu queria me vestir, que tom de voz eu queria ter, que lugares eu queria frequentar e que comidas eu queria degustar. 

Mas isso foi antes desses tambores. Esses mesmos, que me dão palpitação, que me tomam o ar, esse aperto no peito que não me deixam mais ficar onde eu estava. Eu não consigo mais ficar onde eu estava.

Eu vi. Eu vi e eu vivi uma coisa maravilhosa. E você deve estar querendo saber que coisa tão maravilhosa é essa mas eu não posso falar. Eu não posso falar porque quando você vê uma coisa assim, dessas coisas libertadoras, você faz um acordo com o universo de nunca contá-la pra ninguém. Porque isso vai do processo de vida de cada um. O que eu vi e me tocou, não é o que você viu e te tocou e nem vai ser o que o outro vai ver quando for tocado. No momento certo você vai se dar conta de que alguma coisa aconteceu e vai se perguntar se isso foi bom ou ruim e se era mesmo necessário que tudo isso acontecesse e talvez não se tenha mais como voltar atrás porque as coisas acontecem a gente querendo ou não.

E mais uma vez me vem a falta de ar. A inquietação. A vontade de rasgar a minha pele para que as coisas que eu sinto mas não decifro escorram pelas minhas veias. Uma pessoa deveria ser capaz de compreender seus pensamentos. Uma pessoa deveria ser capaz de compreender seus sentimentos.

 E eu volto ao mesmo ponto que eu estava minutos atrás, cansada, tentando entender e descrever uma coisa que não tem como ser entendida ou descrita, tentando amenizar uma coisa que não tem como ser amenizada porque tudo faz parte de um processo criativo de uma coisa fictícia ou verídica dependendo do grau de maturidade e recepção de cada um, uma coisa que todos nós temos que passar, com essa incerteza mesmo de se no final das contas vai dar tudo certo.

Tô sem fôlego. Sem forças. Sem criatividade pra descrever o que está acontecendo comigo, tentando achar uma razão lógica e racional pra não querer mais tudo que eu queria há meses atrás, tentando não fazer com as pessoas o que muito já foi feito comigo... mas sabendo que esse processo me anula completamente enquanto pessoa que sente, que vê e que decide sobre que caminhos percorrer.

Viver depois de sentir os tambores é tarefa difícil e árdua. Se é isso que a vida quer de mim, eu tô pronta. Tô pronta pra tentar, tô pronta pra sentir. Estou pronta pra viver e pra morrer pelo que eu acredito. 

Não tem graça viver nas anulações da vida, né?



Amanda Gedeon.





quinta-feira, 22 de julho de 2010

Caio Fernando Abreu - Trechos part. 2


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"Hoje aconteceu uma coisa engraçada, que atestou mais uma vez a minha incoerência comigo mesmo. Vivo imaginando que de repente vão aparecer fadas ou gênios na minha frente para perguntar o que eu desejo. Hoje pensei sério: se me perguntassem o que mais desejo na vida, não saberia responder. Quero tudo. Mas esse “tudo” é tão grande, tão vago, que me sinto estonteado. É preciso ir limitando meu sonho, apagando as linhas supérfluas, corrigindo as arestas, até restar somente o centro, o âmago, a essência. Mas qual será esse centro, meu Deus, que não encontro?"